A luta incessante da comunidade médica e entidades de apoio aos pacientes pelo diagnóstico precoce tem uma razão de ser. É uma prática que salva vidas. As possibilidades de cura são em torno de 90% se a doença for identificada no começo. E a mamografia é uma das formas mais eficazes para detectar a doença na fase inicial. As campanhas do Outubro Rosa — a exemplo de outras campanhas pela conscientização de diversas formas de câncer, em meses subsequentes — dão uma força a mais nos movimentos contínuos para aumentar a taxa de cobertura da mamografia de rastreamento populacional, assim como todos os sinais de alerta das mulheres para alterações na mama. Esse olhar de maior atenção pode significar um número maior de pacientes curadas, o que é valioso.
A mamografia após os 40 anos deve ser realizada anualmente. No Brasil existe uma lei que garante o direito à mamografia às mulheres. Temos que fazer esse direito valer. O exame consegue diagnosticar lesões pequenas, lesões não palpáveis e, muitas vezes, lesões subcentimétricas. O diagnóstico precoce dessas lesões nos permite aplicar tratamentos menos mutilantes, menos tóxicos e muito mais efetivos.
A decisão de adiar o exame só deve ser tomada por recomendação médica. A pandemia gerou medo e atrasos nas rotinas de checkups e exames diagnósticos. Não apenas a população deixou de fazer exames. Na primeira fase da pandemia, os serviços de saúde precisaram se reorganizar para reforçar os fluxos de segurança na fase epidemiológica mais crítica. Alguns serviços foram interrompidos por medida de segurança, tanto na rede pública quanto na privada. Isso acarretou uma espera maior para um alto contingente de mulheres, especialmente as que só têm acesso aos serviços públicos. O Sistema Único de Saúde (SUS) garantiu que a saúde não entrasse em colapso no período de maior pico da pandemia. Mas as filas para realização dos exames diagnósticos — que já têm um tempo de espera longa — se tornaram maiores. Lamentavelmente, já tivemos muitos diagnósticos precoces perdidos.
O câncer de mama é uma realidade. A alta incidência em nossa população é real. Os serviços médicos estão preparados assim como profissionais da área de saúde para continuar a oferecer às pacientes o diagnóstico mais precoce possível e, assim, as maiores taxas de cura. A despeito da pandemia, temos que continuar nos preocupando com o diagnóstico do câncer. Estamos próximos de entrar no Novembro Azul e no Novembro Branco, que reforçam as campanhas para câncer de próstata e câncer de pulmão. E Dezembro Laranja, mês de conscientização do câncer de pele, também está chegando. Neste novo tempo, o espírito mobilizador do Outubro Rosa deve continuar, com toda a sua força que abarca e expande a necessidade da prevenção das mais diversas formas de câncer. Os próximos meses devem ter esse mesmo tom. O câncer não espera. Por isso, que todo mês seja Outubro Rosa. Todo dia também. Cuide-se já.