Tipos de câncer

Pulmão

O câncer de pulmão é o tipo que mais mata no mundo e segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. O fator principal para o seu desenvolvimento é o tabagismo. Tosse e dor no peito não alguns dos sintomas. Saiba mais.
8 min de leitura
por: Rodolfo Teixera

O que é o câncer de pulmão

Dentre todas as neoplasias, o câncer de pulmão é o tipo mais incidente (com ocorrência de novos casos) e que causa o maior número de mortes em todo o mundo. No Brasil, é o segundo mais comum em homens e mulheres (ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma). Segundo dados do Observatório Global de Câncer (GLOBOCAN), em 2020 11,4% de todos os casos novos de câncer, globalmente, foram de pulmão.

O INCA estima que no ano de 2020 foram diagnosticados 30.200 novos casos no Brasil, sendo 17.760 homens e 12.440 mulheres. A doença foi responsável por 26.498 mortes em 2015 no país.

A boa notícia é que o câncer de pulmão pode ter uma menor incidência a partir do controle do seu principal fator de risco, o tabagismo. Tanto que sua taxa de incidência vem diminuindo desde a década de 1980 entre pessoas do sexo masculino e a partir dos anos 2000 entre as do sexo feminino. Isso ocorreu a partir das campanhas de conscientização sobre os males do tabagismo e a exposição passiva ao tabaco. Em aproximadamente 85% dos casos diagnosticados, ele está associado ao consumo de derivados de tabaco.

Subtipos de câncer de pulmão

Existem dois principais tipos de câncer de pulmão, que são:

1) Câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) – de 80% a 85% dos cânceres de pulmão são do tipo CPNPC. Os principais subtipos de CPNPC são:

  • Adenocarcinoma – é o tipo mais predominante atualmente. Começa nas células secretoras de substâncias, como o muco. Este tipo de câncer de pulmão ocorre principalmente em fumantes ou ex-fumantes, mas também é o tipo mais comum de câncer de pulmão observado em não-tabagistas. É mais comum em mulheres do que em homens, e tem maior probabilidade de ocorrência em pessoas jovens do que os outros tipos de câncer de pulmão;
  • Carcinoma de células escamosas (ou espinocelular) – começa nas células escamosas, que são células planas que revestem o interior das vias aéreas. Geralmente está relacionado ao tabagismo e costuma se localizar na parte central dos pulmões, próximo ao brônquio, que é a principal via aérea do corpo humano; e
  • Carcinoma de grandes células (indiferenciado) – pode surgir em qualquer parte do pulmão. Tende a crescer e se espalhar rapidamente, o que dificulta o seu tratamento.

2) Câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) – de 10% a 15% de todos os cânceres de pulmão são CPPC, que tende a crescer e a se espalhar mais rapidamente que o CPNPC. A multiplicação de suas células torna-o mais sensível ao tratamento com quimioterapia e radioterapia, e sua agressividade está relacionada a maiores taxas de recidiva (retorno) da doença. Além disso, cerca de 70% das pessoas com CPPC já possuem metástases no momento do diagnóstico.

Sintomas e sinais do câncer de pulmão

Embora possam surgir no começo do desenvolvimento da doença, os sintomas do câncer de pulmão geralmente não ocorrem até que se atinja um estágio avançado. Eles não são específicos da doença, e os mais comuns são:

  • Tosse persistente;
  • Escarro com sangue;
  • Dor no peito;
  • Dor óssea;
  • Cefaleia (dor de cabeça);
  • Rouquidão;
  • Falta de ar ou exacerbação da mesma;
  • Perda de peso e de apetite;
  • Pneumonia recorrente ou bronquite;
  • Efusão pleural (acúmulo anormal de líquido na pleura);
  • Sentir-se cansado ou fraco;
  • Alteração do ritmo habitual da tosse em fumantes, em que as crises acontecem em horários incomuns.

Diagnóstico do câncer de pulmão

As pessoas que possuem um risco aumentado para o câncer de pulmão devem considerar a realização de um exame preventivo anualmente. De acordo com o US Preventive Service Task Force, sugere-se que seja feita uma triagem anual com tomografia computadorizada de tórax de baixa dose para adultos com 50 a 80 anos que tenham alto risco de câncer de pulmão (fumado pelo menos 20 maços/ano e são tabagistas ativos ou ex-tabagistas que pararam de fumar nos últimos 15 anos).

Para os pacientes com suspeita de câncer de pulmão, o médico poderá solicitar alguns dos exames a seguir:

Raio X de tórax – exame de imagem mais comum para uma primeira tentativa de diagnóstico (diante de sintomas) ou pelo qual o câncer de pulmão é detectado acidentalmente (por ter sido solicitado por outros motivos de saúde do paciente). No raio X é possível ver os pulmões claramente e neles visualizar tumores ou imagens suspeitas que levem a uma investigação mais detalhada, por meio de outros exames;

Biópsia –  serve para colher uma pequena amostra de células que serão posteriormente analisadas (para saber se são cancerosas ou não). A biópsia pulmonar pode ser feita de diversas maneiras:

  • Broncoscopia: o médico examina as vias áreas pulmonares utilizando um tubo iluminado que desce pela garganta e chega aos pulmões;
  • Mediastinoscopia: é feita uma incisão na base do pescoço, atrás do osso esterno, por onde são inseridos instrumentos cirúrgicos para colher amostras de tecido dos gânglios linfáticos. O processo é indolor, pois é feito sob anestesia;
  • Biópsia com agulha guiada por exames de imagem: o médico usa recursos de exames de imagem, como o raio X ou a tomografia, para guiar uma agulha pela parede do tórax e colher amostras de tecido pulmonar

Se o câncer realmente for diagnosticado, o médico irá solicitar novos exames para determinar o estágio em que ele se encontra, o que será útil na escolha do tratamento.

Os estágios do câncer de pulmão são indicados por algarismos romanos que variam de I a IV, sendo que os estágios mais baixos indicam que o câncer se limita ao pulmão e no IV ele é considerado avançado e se espalhou para outras áreas do corpo.

Tratamento do câncer de pulmão

O tratamento do câncer de pulmão é multidisciplinar, ou seja, demanda uma equipe formada por profissionais de diferentes especialidades, como oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radioterapeuta, radiologista intervencionista, médico nuclear, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista e assistente social.

Em pacientes com doença localizada e sem linfonodo aumentado (íngua no gânglio) no mediastino (região entre os dois pulmões), o tratamento costuma ser cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia.

Já aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento pode ser feito com radioterapia e quimioterapia simultaneamente, seguido da imunoterapia naqueles que não apresentaram progressão da doença (ou seja, que ela não tenha aumentado de tamanho ou espalhado para outro lugar). Em pacientes selecionados, pode-se lançar mão da cirurgia seguida da quimioterapia.

Em pacientes que apresentam metástases (significa que o câncer atingiu outros órgãos além do pulmão), o tratamento tradicional é com quimioterapia. Mas, atualmente, com o avanço das pesquisas científicas, já é possível identificar mutações específicas responsáveis pelo crescimento do tumor. Quando isso ocorre, opta-se pelo uso de uma droga-alvo para tratá-la. Para os pacientes sem esse alvo (mutação), pode-se utilizar a imunoterapia associada ou não à quimioterapia. Por isso, é essencial que cada caso seja avaliado individualmente, abrindo a possibilidade de se identificar tais particularidades.

Tipos de tratamento

Cirurgia: A cirurgia consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento escolhido por proporcionar melhores resultados e controle da doença. Cerca de 20% dos casos são passíveis de tratamento cirúrgico. Porém, na grande maioria (80% a 90% dos casos), a cirurgia não é possível na ocasião do diagnóstico por causa da extensão da doença (estágio avançado) ou da condição clínica do paciente.

As cirurgias para tratamento do câncer de pulmão podem ser:

  • Segmentectomia e ressecção em cunha: quando se retira uma parte pequena do pulmão (somente o segmento ou parte do segmento que envolve o tumor). Esta técnica se destina aos pacientes com tumores pequenos e que não suportam cirurgias maiores por apresentarem idade ou condições clínicas e/ou respiratórias limitadas;
  • Lobectomia: principal cirurgia para o tratamento do câncer de pulmão. Ela consiste na remoção de todo o lobo pulmonar onde o tumor está localizado;
  • Pneumectomia: retirada de um pulmão inteiro. Apresenta risco maior de mortalidade e sua indicação é restrita para casos selecionados, sendo pouco usada atualmente.

Quimioterapia: visa destruir as células cancerígenas, assim como reduzir o crescimento do tumor ou reduzir os sintomas da doença.

Radioterapia: utiliza radiação para destruir as células cancerosas, podendo ser feita antes (neoadjuvante) ou após a cirurgia (adjuvante), ou junto à quimioterapia.

Terapia-alvo: essa forma de tratamento é mais indicada em pacientes cujos tumores tenham alterações moleculares alvo-específicas.

Imunoterapia: estratégia em que o próprio sistema imunológico do paciente é utilizado para combater o câncer. Muitas vezes, o organismo não consegue atacar o câncer, pois as células cancerígenas produzem proteínas que ajudam a se camuflar do sistema imune. A imunoterapia interfere nesse processo e auxilia na identificação e no combate das células de câncer.

Cuidados paliativos: abordagens capazes de minimizar os sintomas de qualquer tipo de câncer. No carcinoma pulmonar, pode proporcionar alívio da falta de ar e da dor, assim como os efeitos adversos dos tratamentos (náusea, vômito ou fadiga).

Prevenção

Algumas atitudes podem ajudar a reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de pulmão, como:

  • Não começar a fumar;
  • Se já for fumante, parar o quanto antes;
  • Evitar ficar próximo a pessoas que fumam, pois isso torna a pessoa fumante passiva (por inalar a fumaça);
  • Adotar uma dieta rica em frutas, vegetais e grãos integrais;
  • Exercitar-se sempre que possível (caso seja sedentário, começar devagar e aumentar o ritmo gradativamente);
  • Evitar a exposição a agentes químicos (arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil), presentes em determinados ambientes de trabalho. Certificar-se sempre de utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.

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