O câncer de estômago, também conhecido como câncer gástrico, ocorre em função de um crescimento anormal de células. Ele se desenvolve lentamente, durante muitos anos. Antes do aparecimento do câncer, alterações pré-cancerígenas podem ser observadas na mucosa, que é o revestimento interno do estômago. Tais alterações raramente causam sintomas e, portanto, muitas vezes passam despercebidas, tornando seu diagnóstico ainda mais desafiador.
O câncer gástrico pode afetar qualquer parte do estômago, embora seja mais comumente observado em uma região chamada de corpo do estômago. O tipo adenocarcinoma é responsável por cerca de 95% dos casos de tumor do estômago.
O adenocarcinoma de estômago atinge, majoritariamente, homens por volta dos 60-70 anos. Cerca de 80% dos pacientes têm mais de 50 anos. No Brasil, o câncer de estômago é o terceiro tipo mais frequente entre pessoas do sexo masculino e o quinto entre as do sexo feminino. Estima-se que em 2020 tenham surgido 21.230 novos casos, sendo 13.360 em homens e 7.870 nas mulheres.
Outros tipos de tumores (além dos adenocarcinomas) também podem ocorrer no estômago. Os linfomas são diagnosticados em cerca de 3% dos casos e os sarcomas, considerados tumores raros, se iniciam nos tecidos que dão origem a músculos, ossos e cartilagens como tumores estromais gastrointestinais, mais conhecidos como GISTs.
Tipos do câncer de estômago
Os adenocarcinomas podem ser divididos em dois subtipos pela patologia: intestinal e difuso. Saiba mais sobre eles:
- Intestinal – o tipo intestinal ocorre comumente em pacientes mais idosos, em sua maioria do sexo masculino, e é associado à presença de gastrite crônica atrófica e metaplasia intestinal (conjunto de pequenas lesões) decorrentes da inflamação gástrica crônica relacionada à infecção pelo H. pylori;
- Difuso – o tipo difuso ocorre em pacientes mais jovens, com distribuição igualitária entre os sexos e tem comportamento mais agressivo quando comparado ao tipo intestinal. Origina-se do epitélio gástrico normal, sem aparente lesão pré-cancerígena, e pode estar relacionado a uma mutação genética (de um gene chamado CDH1).
Sintomas e sinais do câncer de estômago
Não existem sintomas específicos que levem a uma rápida identificação do câncer de estômago. No entanto, alguns sinais podem indicar o desenvolvimento de um tumor no estômago:
- Perda de peso;
- Perda de apetite;
- Fadiga;
- Sensação de estômago cheio;
- Dificuldade para engolir;
- Vômitos;
- Náuseas;
- Desconforto abdominal persistente.
Estes sintomas, porém, são comuns a diversas outras doenças benignas, como úlcera e gastrite. Logo, percebê-los não é sinônimo de estar com câncer de estômago. Por isso é necessário consultar-se com um médico especialista experiente na detecção dos sintomas e sinais da doença.
Durante o exame físico, o paciente com câncer pode sentir dor no momento em que o estômago é palpado. Se houver aumento no tamanho do fígado e presença de íngua na área inferior esquerda do pescoço e nódulos ao redor do umbigo, o médico pode considerá-los indícios de que a doença se encontra em um estágio mais avançado.
Vômito com sangue ocorre em cerca de 10% a 15% dos casos de câncer de estômago. Além disso, podem ser observadas alterações como sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte (indicativo de sangue digerido).
Diagnóstico do câncer de estômago
O diagnóstico de câncer gástrico é feito pela endoscopia digestiva alta. Para realizar esse exame, o paciente recebe sedação e anestésico na região da garganta, para que um tubo seja introduzido pela boca.
A endoscopia digestiva alta permite ao médico visualizar o esôfago e o estômago, além de fazer biópsias (retirada de pequenas amostras do tecido). O material da biópsia é enviado a um laboratório para que seja confirmado (ou não) o diagnóstico de tumor maligno e definido qual o seu tipo.
Caso o diagnóstico de câncer gástrico seja confirmado, exames complementares podem ser necessários, como a tomografia computadorizada, que avalia a extensão do tumor.
Por outro lado, quando o câncer parece ser de estágio mais inicial, a ultrassonografia endoscópica (exame semelhante à endoscopia digestiva alta, em que na ponta do tubo introduzido pela garganta há um aparelho de ultrassom) pode ser suficiente.
Dependendo do caso, o médico poderá optar por uma cirurgia exploratória para procurar sinais de que o câncer se espalhou além do estômago (em metástase). Ela geralmente é feita por laparoscopia, ou seja, o cirurgião faz pequenas incisões no abdômen e insere uma câmera especial que transmite as imagens a um monitor na sala de cirurgia.
Tratamento
As opções de tratamento para o câncer de estômago dependem da sua localização, do estágio em que se encontra e da agressividade da doença. Além disso, o médico precisa levar em conta o estado de saúde geral do paciente e as suas preferências. Entenda, a seguir, como se aplicam as principais alternativas à disposição dos médicos.
Cirurgia – O principal objetivo da cirurgia é remover todo o câncer e também uma porção do tecido saudável ao seu redor, procedimento chamado de margem cirúrgica. Os tipos de cirurgia para câncer gástrico são:
- Remoção de tumores em estágio inicial do revestimento do estômago;
- Remoção de parte do estômago (gastrectomia subtotal);
- Remoção completa do estômago (gastrectomia total);
- Remoção de linfonodos para realização de testes em busca da presença de câncer;
- Cirurgia para o alívio dos sinais e sintomas.
Quimioterapia – Ela pode ser iniciada antes da cirurgia (chamada de neoadjuvante), como forma de ajudar a diminuir o câncer facilitando, portanto, a sua remoção. Ela também pode ser prescrita após a cirurgia (quimioterapia adjuvante) para eliminar as células cancerígenas que ainda permaneceram no organismo.
Radioterapia – Assim como a quimioterapia, pode ser feita antes da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor, ou posteriormente, para eliminar as células cancerígenas remanescentes. No câncer avançado, que não pode ser operado, a radioterapia pode ser utilizada para aliviar os efeitos adversos, como sangramento, que pode ocorrer conforme o tumor cresce. Dependendo do caso, o médico poderá associar a quimioterapia à radioterapia.
Terapias-alvo – As terapias-alvo focam especificamente nos pontos fracos das células cancerígenas, levando à sua morte. No câncer gástrico, o uso de terapias-alvo geralmente é associado à quimioterapia.
Imunoterapia – A imunoterapia é um tratamento que ajuda o sistema imune a lutar contra o câncer. Normalmente, o sistema imunológico não consegue atacar o câncer, porque as células cancerígenas produzem proteínas que dificultam que as células do sistema imune as reconheçam como perigosas. A imunoterapia age interferindo nesse processo.
Prevenção
Existem diversos fatores que podem aumentar o risco de câncer de estômago:
- Doença do refluxo gastroesofágico;
- Obesidade;
- Dieta rica em sódio (sal) e alimentos defumados;
- Baixo consumo de frutas e vegetais;
- Histórico familiar;
- Infecção pelo vírus H. Pylori;
- Pólipos estomacais;
- Tabagismo.
Para evitar o risco de desenvolver câncer de estômago, é importante evitar os fatores descritos acima. Manter um peso saudável de acordo com a sua idade, altura e estrutura corporal, optar por uma alimentação com ingredientes mais naturais, com foco em vegetais e frutas, reduzir a quantidade de sal e de alimentos processados em sua dieta e não fumar são atitudes que diminuem o risco de ter a doença.