Tipos de câncer

Esôfago

O câncer de esôfago não causa sintomas em seu estágio inicial. Dificuldade de deglutição, perda de peso e dor no peito são alguns dos sintomas principais. Consumo de bebidas muito quentes, alcoólicas e tabagismo são fatores de risco.
6 min de leitura
por: Rodolfo Teixera
Esôfago
Dificuldade de deglutição, perda de peso e dor no peito são alguns dos sintomas principais do câncer de esôfago.

O que é o câncer de esôfago

O câncer de esôfago surge quando as células do revestimento do esôfago (tubo que liga a garganta ao estômago) começam a crescer descontroladamente. O início se dá em qualquer lugar ao longo da camada interna da parede do órgão e cresce para fora através das outras camadas. O tipo de câncer de esôfago mais frequente atualmente é o adenocarcinoma, com número crescente de casos novos, seguido pelo carcinoma de células escamosas.

No Brasil, o câncer de esôfago é o sexto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres (em ambos os casos, excetuando-se o câncer de pele não melanoma). É o oitavo mais frequente no mundo, e sua incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres.

Tipos de câncer de esôfago

Existem dois tipos principais de câncer de esôfago, com base no tipo de célula em que se inicia:

  • Carcinoma de células escamosas – a camada interna do esôfago (mucosa) é revestida por células escamosas. O câncer que começa nessas células é chamado de carcinoma de células escamosas. Ele pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio); e
  • Adenocarcinoma – Os cânceres que começam nas células da glândula (células que produzem muco) são chamados de adenocarcinomas. São frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior).

Outros tipos de câncer também podem ocorrer no esôfago, incluindo linfomas, melanomas e sarcomas. Mas esses cânceres são muito raros.

Sintomas do câncer de esôfago

A maioria dos cânceres de esôfago não causa sintomas em fases iniciais, e o diagnóstico em pessoas assintomáticas é raro e geralmente acidental.

Os sintomas frequentes do câncer de esôfago são:

  • Dificuldade de deglutição – é o sintoma mais comum do câncer de esôfago. A disfagia (sensação de que a comida está presa na garganta ou no peito) é geralmente um sintoma causado por um câncer que obstrui a passagem dos alimentos e líquidos. Quando a deglutição se torna difícil, as pessoas costumam mudar a dieta e os hábitos alimentares sem perceber, passam a comer pequenas porções e a mastigar os alimentos lentamente;
  • Dor no peito – algumas pessoas descrevem uma sensação de pressão ou queimação no peito. Esses sintomas são frequentemente causados por outros problemas, como azia, e raramente são vistos como um sinal de que a pessoa possa ter câncer; e
  • Perda de peso – muitas pessoas com câncer de esôfago perdem peso sem causa aparente, dieta ou outras doenças que justifiquem. Os problemas de deglutição, redução do apetite e um aumento no metabolismo próprio do câncer são as causas. A perda de peso pode chegar a até 10% ou mais do peso corporal.

Outros sintomas possíveis do câncer do esôfago podem incluir:

  • Rouquidão;
  • Tosse persistente;
  • Vômitos; e
  • Hemorragia digestiva.

É importante destacar que ter um ou alguns destes sintomas não significa que a pessoa tenha câncer de esôfago. O importante, em especial quando há uma dificuldade anormal em engolir, é procurar um médico para avaliação.

Diagnóstico do câncer de esôfago

Diante de um conjunto de sintomas, o primeiro exame para confirmar uma suspeita de câncer de esôfago é a endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia. Após confirmado o diagnóstico, devem ser feitos exames de imagem, com intuito de estadiamento, que irão orientar a melhor estratégia para combater a doença. Os mais usuais são:

  • Endoscopia – exame realizado com o paciente sedado em que um endoscópio com câmera avalia as paredes do esôfago. Durante a endoscopia, são retirados fragmentos de lesões identificadas;
  • Ultrassom endoscópico – uma sonda que emite ondas sonoras fica no final de um endoscópio. Este teste é feito ao mesmo tempo que a endoscopia digestiva alta e é útil para determinar o tamanho de um câncer de esôfago e o quanto ele cresceu em áreas próximas. Também ajuda a mostrar se os gânglios linfáticos foram afetados pelo câncer;
  • Broncoscopia – pode ser feita para cânceres que estão localizados na parte superior do esôfago. O intuito é ver se ele está próximo à traqueia ou brônquios (tubos que conduzem o ar da traqueia aos pulmões);
  • Toracoscopia e laparoscopia – são exames que permitem que o médico veja os gânglios linfáticos e outros órgãos próximos ao esôfago dentro do tórax (por toracoscopia) ou no abdômen (por laparoscopia) por meio de uma câmera. Também podem ser usados ​​para obter amostras de biópsia. São exames realizados com o paciente anestesiado; e
  • Tomografia computadorizada (TC) – a TC de tórax, abdome e pelve desempenha um papel crucial na detecção de linfonodos metastáticos, de metástases hematogênicas e também na avaliação do grau de acometimento local do tumor.

Também deve ser realizada uma biópsia, em que o médico remove um pequeno pedaço de tecido com um instrumento passado pela endoscopia. É por meio dela que o diagnóstico do câncer de esôfago pode ser confirmado, e ela também é importante para a pesquisa de alterações moleculares que podem contribuir na escolha do melhor tratamento.

Tratamento

O tratamento do câncer de esôfago pode ser feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinada, de acordo com o estágio da doença e as condições clínicas do paciente.

Para alguns cânceres em estágios iniciais, a cirurgia pode ser usada para tentar remover o câncer e parte do tecido circundante normal. Pode ser combinada com outros tratamentos, como quimioterapia e/ou radioterapia.

A esofagectomia é um procedimento cirúrgico feito para remover parte ou a maior parte do esôfago, e tem o potencial de curar a doença. O comprimento do esôfago a ser removido depende do estágio do tumor e de onde ele está localizado. Durante a cirurgia, os gânglios linfáticos próximos também são removidos. Em seguida, são analisados no laboratório para ver se têm células cancerosas.

A radioterapia, procedimento que usa raios de alta energia (como raios X) ou partículas para destruir as células cancerosas, muitas vezes é combinada ao tratamento do câncer de esôfago. Pode ser usada antes da cirurgia (e junto com a quimioterapia, se possível), para tentar diminuir o câncer e torná-lo mais fácil de ser removido (tratamento neoadjuvante). Se for feita após a cirurgia, e associada à quimioterapia, tem o objetivo de matar quaisquer células cancerosas residuais.

Já na quimioterapia são administrados medicamentos por via intravenosa (injetada na veia) ou por via oral. Isoladamente, a quimioterapia raramente cura o câncer de esôfago – por isso é frequentemente administrada com radioterapia. A quimioterapia pode ser usada em momentos diferentes durante o tratamento do câncer de esôfago. Após a cirurgia, e associada à radioterapia, objetiva-se eliminar alguma célula cancerosa não visualizada. Antes da cirurgia, pode reduzir o tamanho do tumor.

Em cânceres avançados, a quimioterapia por ser um tratamento sistêmico, contribuindo no combate ao câncer localizado em outros órgãos.

Prevenção

O consumo de bebidas muito quentes, como chimarrão e café, acima de 65°C, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de esôfago. O mecanismo que explica a carcinogenicidade dessas bebidas parece estar relacionado aos danos celulares ocasionados pelo calor excessivo.

As bebidas alcoólicas também são fortemente associadas ao aumento do risco de desenvolvimento da doença. O etanol é convertido no organismo em acetoaldeído, um agente carcinógenos para humanos.

Principais fatores associados ao câncer de esôfago:

  • Consumo de bebidas muito quentes, acima de 65º;
  • Consumo de álcool;
  • Excesso de gordura corporal (refluxo e alterações metabólicas causadas pelo peso);
  • Tabagismo;
  • Exposição a ambientes com radiação ionizantes (raio X e Gama).

Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de esôfago traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento ele não é recomendado.

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