Imunoterapia ganha destaque no tratamento do câncer.

Progressos recentes transformaram a imunoterapia no maior avanço do ano para o combate ao câncer. Concedido pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, em inglês), o título reconhece os resultados positivos obtidos em inúmeros estudos. Há mais de um século que se suspeitou, pela primeira vez, de que o câncer poderia ser combatido pelo sistema imunológico. Vários tipos de imunoterapias já foram estudados desde então. Porém, foi somente com o melhor entendimento de como funciona a interação entre nosso organismo e os tumores que foi possível desenvolver esta modalidade de imunoterapia, que são os inibidores de “checkpoint “.
De acordo com oncologista da Oncoclínica – Centro de Tratamento Oncológico o Dr. Cristiano Guedes, já se tinha conhecimento de que esta terapia pode beneficiar alguns pacientes com câncer de pele do tipo melanoma. Agora, há evidências de que estes medicamentos também podem ser eficazes no combate a outros tipos de tumores, como os de pulmão, bexiga, cabeça e pescoço e linfoma de Hodgkin.
“Estes avanços já podem ser verificados na prática clínica, uma vez que existem medicamentos imunoterápicos aprovados para uso no Brasil”, diz Dr. Cristiano. De maneira geral, seus efeitos colaterais são mais brandos, quando comparados à quimioterapia, o que contribui para a melhora da qualidade de vida dos pacientes. Porém, o tipo de toxicidade é bem diferente daquele a que os oncologistas estão habituados com os quimioterápicos. Isso requer atenção por parte dos médicos, a fim de que as condutas necessárias sejam tomadas precocemente.
Imunoterapia no combate ao câncer: próximos passos
Para o médico da Oncoclínica, os pesquisadores ainda têm muitos desafios pela frente. Inúmeros esforços têm sido feitos com o intuito de tentar identificar os pacientes que realmente terão benefício com este tratamento. A imunoterapia parte do princípio de que as células tumorais apresentam mutações em seu material genético e que, por isso, têm em sua constituição partes (proteínas) que são como “corpos estranhos”. O nosso sistema imune deveria reconhecer estes “corpos estranhos” e eliminá-los. Porém, os tumores, durante seu desenvolvimento, encontram formas de abrandar a reação imunológica contra eles.
Alguns tipos de tumores apresentam um número maior de mutações e, por isso, um número superior desses “corpos estranhos”, chamados também de antígenos non-self . Parece que a imunoterapia tem maior ação contra estes tipos de câncer, conhecidos como hipermutados. As neoplasias que em geral apresentam um número elevado de mutações são as relacionadas ao tabaco e à exposição solar, como as de pulmão, bexiga, cabeça e pescoço e pele do tipo melanoma.
Há também muito a ser estudado a respeito de qual a melhor forma de combinar os diferentes tipos de inibidores de “checkpoint ” entre si e de como associá-los a outras formas de tratamento (quimioterapia, radioterapia). O outro desafio diz respeito ao custo elevado destes medicamentos. “A sociedade deve discutir se é possível e como garantir o acesso da população a estes tratamentos que, embora não sejam a cura para esta doença e não tragam benefício a todos, certamente representam mais um avanço nesta difícil batalha”, avalia Dr. Cristiano.
Avanços em outras áreas
Apesar de a Asco ter escolhido este documento da imunoterapia como o destaque principal, foram também citados outros avanços notáveis e recentes no combate ao câncer. Vários deles reforçam a importância da prevenção, do rastreamento e do cuidado integral do paciente, além da necessidade do melhor estudo da biologia tumoral.
De acordo com o oncologista, para a realidade do Brasil, é urgente que sejam priorizadas medidas mais efetivas no controle desta doença. Isso diz respeito, principalmente, ao rastreamento e ao diagnóstico precoce. Além disso, nunca é demais relembrar que as recomendações do Instituto Nacional do Câncer (Inca) – de adotar um modo de vida saudável e se prevenir da exposição a substâncias causadoras de câncer – devem ser incentivadas em toda a população.
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