A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que preenche a cavidade dos ossos do corpo humano e é conhecida popularmente como tutano. Tem papel fundamental na produção das células sanguíneas: leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas. Cada uma dessas células tem papel essencial no correto funcionamento do organismo.
A medula espinhal é um tecido que ocupa a coluna vertebral e transmite os impulsos nervosos. Já a medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que preenche a cavidade dos ossos e produz as células sanguíneas.
São chamadas de células-tronco aquelas que são capazes de se transformar em qualquer outra célula do corpo. Elas têm o poder de gerar cópias idênticas a si mesmas, por meio da divisão celular contínua. Desempenham um importante papel de regeneração no organismo.
O tratamento das leucemias, muitas vezes, envolve o transplante de medula óssea. O entendimento dessa recomendação, novamente, passa pelas bases da origem da doença. Os clones malignos surgem na medula óssea e, a partir dali, se distribuem pelo organismo. Por mais que se utilizem esquemas pesados de quimioterapia de indução, de consolidação e de manutenção, ainda existe a possibilidade de remanescerem células cancerígenas. Esses clones resistentes ao tratamento, numa considerável parte dos pacientes, podem conduzir à recorrência da doença.
A solução encontrada para aumentar as taxas de cura e de controle da neoplasia consiste no transplante de medula óssea (TMO). Simplificadamente, esse procedimento envolve três fases. A primeira delas é o recrutamento da medula saudável para doação. Ela pode ser proveniente de uma seleção de células saudáveis do próprio paciente, no chamado transplante autólogo; ou se originar de um doador estranho, que preencha pré-requisitos de compatibilidade com o receptor, num processo denominado transplante alogênico. Na segunda etapa, o doente recebe doses de quimioterápicos e às vezes de radiação, capazes de destruir toda a sua medula óssea. Assim, em tese, até mesmo os representantes malignos mais resistentes são eliminados, o que minimiza fortemente as chances de uma eventual recidiva futura. Por fim, na última fase, a medula sadia que estava reservada num banco de sangue é reinfundida no paciente. As células-tronco ganham a circulação e, ao passarem pela medula óssea vazia, encontram um ambiente favorável para se instalar. A partir de então, iniciam um novo ciclo de hematopoese, que, espera-se, fornecerá ao paciente, novamente, uma medula normofuncionante, constituída apenas por linhagens celulares saudáveis.
O transplante de medula óssea é indicado como tratamento de algumas doenças que afetam as células sanguíneas, como o linfoma e a leucemia. No transplante, a medula doente é substituída por células-tronco normais, que têm o papel de recompor uma nova medula saudável.
O transplante de medula óssea é como uma transfusão de sangue comum. Em um primeiro momento, o paciente passa por um tratamento de quimioterapia, associado ou não à radioterapia, que destrói a própria medula. Depois, ele está pronto para receber a medula de um doador, rica em células “progenitoras” — células que circulam na corrente sanguínea e se alojam na medula óssea; desenvolvendo-se e reconstituindo uma nova medula.
O paciente também pode ser seu próprio doador; o que ocorre em casos em que são retiradas as células antes do tratamento e congeladas para uso futuro. Há ainda a possibilidade de receber sangue de cordão umbilical de parentes ou do Banco Público de Sangues de Cordão.
Quando não há um doador compatível na família, é preciso buscar por um doador na população em geral. Há no Brasil o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea – Redome. Esse cadastro reúne dados e informações das pessoas dispostas a se tornarem doadores. Trata-se de um registro informatizado, capaz de cruzar dados entre pacientes e voluntários, que são convocados quando necessário para salvar vidas.