Câncer de Útero

Iniciar a vida sexual muito jovem pode gerar câncer do colo uterino?

O câncer de colo uterino é o terceiro mais frequente na população feminina do Brasil e responsável por mais de 6 mil óbitos por ano no país. Em quase 100% dos casos, traços do Papiloma Vírus Humano (HPV) são identificados, o que coloca esse micro-organismo como o principal vilão causador da doença. O HPV é um vírus transmitido por via sexual e está presente em cerca de 75% dos adultos sexualmente ativos. A maioria dos infectados é assintomática e nem sabe que é portador, o que facilita a perpetuação da transmissão. Existem mais de 100 subtipos virais, no entanto, apenas 13 são considerados oncogênicos e os principais são os tipos 16 e 18, que juntos se responsabilizam por 70% dos casos de câncer.

Baseado nisso, é compreensível que determinados comportamentos sexuais aumentem as chances de se contrair o vírus, que na realidade é o cerne da doença. O início precoce da vida sexual está listado como um fator de risco por dois motivos: primeiramente, porque se eleva a probabilidade da mulher ter mais parceiros, tornando maiores as possibilidades de transmissão. Depois, porque se a mulher contrai o vírus na adolescência logo com o primeiro parceiro, ainda que ele seja o único de sua vida, o HPV poderá atuar por mais tempo no organismo, aumentando as chances de transformação maligna do epitélio.

Atualmente, dispomos da vacina contra o HPV, que se mostra bastante segura e eficaz em prevenir a doença, e todos os que tiverem acesso devem ser incentivados a vacinarem-se. Além disso, vale ressaltar que o sexo consciente e seguro, com preservativo, não só protege contra doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, sífilis ou hepatites, mas também reduz os riscos de propagação do HPV, o que, indiretamente, proporciona benefícios contra o câncer de colo uterino, de pênis, de boca e da região anal.

O que é o HPV?

HPV é a sigla em inglês para Papiloma Vírus Humano. Esses são vírus sexualmente transmissíveis capazes de infectar a pele ou as mucosas, causando desde sintomas inespecíficos até a formação de verrugas e tumores malignos. Atualmente são descritos mais de 100 tipos de HPV, no entanto em torno de 13 são considerados oncogênicos, isto é, estão associados ao desenvolvimento de câncer. Os principais deles são os tipos 16 e 18, que juntos estão envolvidos em 70% dos casos de malignidade. Já os HPV 6 e 11 são os mais comuns e os principais envolvidos nas verrugas genitais benignas, também conhecidas como “crista de galo”. Esses últimos, em tese, possuem baixo potencial de malignização, mas também demandam avaliação por um médico especialista, já que, não raramente, coexiste a infecção por mais de um tipo viral.

Não sou mais virgem, devo me vacinar contra o HPV?

O HPV é um vírus sexualmente transmissível e, como se sabe, está intimamente relacionado ao desenvolvimento de câncer de vulva, vagina, colo uterino, canal anal, pênis e boca. Atualmente, encontram-se disponíveis dois tipos de vacinas que proporcionam resultados muito satisfatórios em termos de proteção contra ele: a bivalente (Cervarix®) e a quadrivalente (Gardasil®). A diferença básica entre as duas é que a primeira confere proteção apenas contra os principais tipos de vírus implicados no câncer, ao passo que a segunda, além de reduzir as chances de infecção pelos HPV 16 e 18, ainda confere resistência contra os tipos 6 e 11, principais envolvidos no desenvolvimento das verrugas genitais.

A vacinação tem como objetivo apresentar antígenos virais ao sistema imunológico do indivíduo, antes que ele entre em contato com o micro-organismo. Assim, as células de defesa tornam-se preparadas para combater a infecção, no momento em que ocorre o contato sexual com o HPV. A ideia de se vacinar preferencialmente mulheres virgens se fundamenta nesse conceito. Assim, as chances de ela ter tido contato prévio com o vírus são mínimas e a vacina funcionaria em toda a sua plenitude. Entretanto, isso não significa dizer que ela é inútil em mulheres que já iniciaram a vida sexual. Pela lógica, o que acontece é que, quanto mais parceiros sexuais a paciente tiver conhecido, maiores são suas chances de já ter contraído a doença. E isso torna o papel da vacina questionável.

No Brasil, o governo preconiza que apenas meninas de 9 a 12 anos recebam a vacina pelo Sistema Único de Saúde, mas preferimos seguir recomendações de países com mais experiência no assunto e que colocam benefícios para a população acima de qualquer questão financeira. No Canadá, por exemplo, a vacinação é indicada para todas as mulheres e também aos homens, entre 9 e 26 anos de idade, mesmo que já tenham iniciado a vida sexual. O limite de idade para eles, no caso, é quase uma questão burocrática e é delimitado, pois os estudos que aprovaram as vacinas envolveram apenas pessoas nessa faixa etária. Dessa forma, mesmo para indivíduos com idade acima de 26 anos eles particularizam e recomendam o esquema vacinal. Na verdade, alguns especialistas argumentam que os riscos praticamente inexistem, ao passo que a vacinação em massa pode trazer benefícios ainda não conhecidos pela ciência, por imaturidade dos dados disponíveis no momento.

Preciso tirar o útero caso eu tenha esse tipo de câncer?

O tratamento do câncer de colo uterino pode envolver cirurgias de pequeno porte que preservam o útero, histerectomias (retirada do útero) ou até mesmo quimio e radioterapia. O planejamento terapêutico dependerá de diversos fatores, entre eles, o estágio clínico em que a doença se encontra, e deve ser realizado por profissionais com experiência na área.

Câncer do colo uterino pode gerar infertilidade?

Na verdade, em alguns casos, dependendo do estágio clínico em que a doença é diagnosticada, uma cirurgia mais ampla, que envolve a retirada completa do útero, pode ser o procedimento mais recomendado. Dessa forma, infelizmente a impossibilidade de gerar um filho é uma realidade, apesar de os ovários manterem a capacidade de produzir óvulos com potencial de fecundação. Além disso, nos casos tratados com cirurgias parciais uterinas, ou com quimioterapia e radioterapia, podem remanescer sequelas uterinas que dificultem a implantação e desenvolvimento do embrião. Caso esteja passando por essa situação, converse com seu médico e ele poderá orientar a melhor forma de se realizar o planejamento familiar.

Depois que o útero é retirado, a vida sexual da mulher acaba?

Não. A histerectomia, como é chamada a remoção parcial ou total do útero, não afeta diretamente a vida sexual. Existe um equívoco ao associar a sexualidade da mulher à sua capacidade de gerar um filho. O procedimento não altera a sensibilidade ou lubrificação da vagina. Em alguns casos há, inclusive, a melhora da qualidade de vida sexual, já que as mulheres eliminam o desconforto que sentiam anteriormente com a cirurgia. Converse com seu médico e busque orientações.

Menstruação irregular pode ser sinal de câncer?

Alterações do ciclo menstrual podem sinalizar doenças diversas associadas a fatores hormonais e condições benignas, como endometriose, hipotireoidismo ou miomas. Sangramentos persistentes ou que surgem depois do ato sexual precisam ser investigados porque há a possibilidade de estarem relacionados a alguns tipos de câncer, como o de colo do útero, de endométrio e de ovário.

Sangramento vaginal depois da menopausa é sinal de câncer?

Não é normal ter sangramento vaginal depois da menopausa. É preciso investigar a origem dessa anormalidade. Procure um médico ginecologista de sua confiança. Alguns tipos de câncer, como o do colo do útero, de endométrio e de ovário, estão associados ao sangramento persistente ou àquele depois de relações sexuais.

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