O câncer colorretal inclui tumores que atingem uma parte do intestino grosso (o cólon) e o reto (final do intestino, porção localizada antes do ânus). Quando diagnosticado precocemente, costuma ser tratável e, em grande parte dos casos, curável. Isso é possível geralmente quando ele ainda não se espalhou para outros órgãos (na chamada metástase).
A maioria desses tumores começa a partir do surgimento de pólipos, que são lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.
O câncer de reto propriamente dito também começa nas células de revestimento e tem início como um pólipo. Sua incidência é de aproximadamente 29% dentre os tumores intestinais. Vale detalhar que o reto é a porção do intestino grosso delimitada inferiormente pela linha pectínea. O reto baixo fica a até 5 cm da borda anal, o reto médio, entre 5 e 10 cm da borda anal, e o reto alto, entre 10 e 15 cm da borda anal.
Os dados da última estimativa mundial apontam que foram notificados 1 milhão de novos casos de câncer do cólon e reto em homens, sendo o terceiro tumor mais incidente entre todos os cânceres masculinos, com um risco estimado de 26,6/100 mil. Já para as mulheres, esse número foi um pouco menor, com o registro de 800 mil casos novos, sendo o segundo tumor mais frequente, com taxa de incidência de 21,8/100 mil.
No Brasil, estima-se que entre os anos de 2018 e 2019 36.360 novos casos de câncer colorretal tenham surgido, sendo 17.380 em homens e 18.980 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco de 16,83 casos novos a cada 100 mil homens e 17,9 para cada 100 mil mulheres em nosso país.
Em termos de mortalidade, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), em 2017 foram observados no Brasil 9.207 óbitos por câncer de cólon e reto (9,12/100 mil) em homens e 9.660 (9,33/100 mil) em mulheres.
A incidência do câncer colorretal tem uma elevação significativa após os 50 anos e continua aumentando com o avançar da idade, apesar de o número de casos ter aumentado recentemente em pacientes mais jovens.
Os fatores de risco do câncer de reto, especificamente, são muito relacionados aos hábitos alimentares e de vida e a condições prévias de saúde. Entre eles, destacam-se:
- Dietas ricas em carnes vermelhas, carnes processadas e carnes expostas a calor intenso;
- Dietas pobres em fibras (frutas, legumes e verduras);
- Sedentarismo (pois a obesidade é um fator de risco, e manter a prática regular de exercícios ajuda a evitá-la);
- Doenças inflamatórias intestinais crônicas (tais como colite ulcerativa e doença de Crohn);
- Histórico familiar de casos de câncer colorretal; e
- Síndromes familiares (em especial, a síndrome de Lynch e a polipose adenomatosa familiar – FAP)
Subtipos de câncer colorretal
A imensa maioria dos tumores colorretais é classificada como adenocarcinomas. Esses cânceres começam em células que secretam o muco com o objetivo de lubrificar o interior do cólon e do reto e possuem alguns subtipos, como o adenocarcinoma de célula de anel de sinete e o mucinoso.
Outros tipos de tumor que podem começar no cólon e no reto incluem:
- Tumores carcinoides;
- Tumor estromal gastrointestinal (GIST);
- Linfomas; e
- Sarcomas.
Sintomas do câncer colorretal
O câncer colorretal pode ser uma doença silenciosa e não causar sintomas imediatos. Mas, quando presentes, podem incluir:
- Alteração nos hábitos intestinais, como diarreia, constipação ou estreitamento das fezes, que perdura por alguns dias;
- Mesmo após a evacuação, não há sensação de alívio, parecendo que nem todo conteúdo fecal foi eliminado (sintoma especialmente sugestivo nos casos de câncer de reto);
- Sangramento retal (o sangue costuma ser bem vermelho e brilhante);
- Presença de sangue nas fezes, tornando a sua coloração marrom escuro ou preta;
- Cólica ou dor abdominal;
- Sensação de fadiga e fraqueza; e
- Perda de peso sem motivo aparente.
É importante ressaltar que muitos desses sintomas podem ser causados por outras condições que não sejam câncer colorretal, como infecção, hemorroida ou Síndrome do Intestino Irritável. Por isso a importância de, ao primeiro sinal de anormalidade, buscar por uma avaliação médica.
Diagnóstico do câncer colorretal
O primeiro passo do diagnóstico do câncer colorretal é traçar o histórico médico do paciente para a identificação de possíveis fatores de risco.
O exame físico pode incluir palpação do abdômen em busca de anormalidades, como massas ou órgãos aumentados. Além disso, pode ser necessária também a realização de um exame digital retal, em que o médico insere um dedo (protegido por uma luva lubrificada) no reto para avaliar se existem áreas anormais.
Outros exames podem ser solicitados no processo diagnóstico do câncer colorretal. São eles:
- Exame de fezes;
- Exames de sangue;
- Colonoscopia;
- Biópsia; e
- Exames de imagem (raio X, ultrassonografia, ressonância magnética, tomografia computadorizada e PET Scan).
No diagnóstico também é determinado o estadiamento do câncer colorretal, ou seja, a fase em que o tumor é classificado. Ele é bastante útil para auxiliar o médico na tomada de decisões sobre o tratamento. No câncer colorretal, são quatro os estádios:
- Estádio I – tumor confinado à mucosa (IA) ou a camada muscular (IB) do cólon ou do reto e sem comprometimento dos linfonodos (gânglios);
- Estádio II – tumor confinado à serosa que reveste o cólon ou reto (IIA) ou que atingiu órgãos vizinhos (IIB), mas sem comprometimento dos linfonodos (gânglios);
- Estádio III – comprometimento dos linfonodos próximos ao cólon ou reto; e
- Estádio IV – comprometimento de órgãos distantes.
Tratamento
O médico e uma equipe multidisciplinar determinam as opções de tratamento de acordo com o diagnóstico do câncer colorretal.
As principais abordagens adotadas no manejo do câncer colorretal são:
- Tratamentos locais – tratam o tumor sem afetar o restante do corpo. Eles estão mais indicados nos estádios iniciais da doença (em tumores menores que ainda não se espalharam/metástase), mas também podem ser utilizados em outras situações. Os principais tipos utilizados no câncer colorretal incluem cirurgia, ablação, embolização e radioterapia;
- Tratamentos sistêmicos – por meio do uso de drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), que são aplicadas diretamente na corrente sanguínea. Dependendo do tipo de câncer colorretal, pode-se utilizar quimioterapia, terapias-alvo e/ou imunoterapia.
Prevenção
A prevenção primária do câncer colorretal inclui medidas para diminuir o risco de desenvolver a doença, como:
- Adotar uma dieta rica em fibras, frutas, verduras e legumes;
- Reduzir o consumo de carnes vermelhas e de gordura animal;
- Praticar atividades físicas, já que o sedentarismo aumenta o risco de desenvolvimento da doença;
- Manter um peso saudável (lembrando que a obesidade é um fator de risco para esse câncer); e
- Evitar o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas.