Leucemia

A leucemia é hereditária?

Não. A leucemia está associada a uma alteração genética adquirida ao longo da vida e não herdada. Casos de parentes com a doença podem ser explicados pela exposição dos membros da família a uma causa comum. São fatores de risco para esse tipo de câncer:

  • Tabagismo
  • Ter síndrome de down e outras doenças hereditárias
  • Exposição à radiação, como dos raios X e radioterapia
  • Fazer quimioterapia (algumas classes de drogas)
  • Ter síndrome mielodisplásica e outras desordens sanguíneas
  • Exposição ao benzeno, encontrado na fumaça do cigarro, gasolina e indústrias químicas
Como é produzido o sangue? Quais elementos o constituem?

O sangue, na verdade, é uma mistura de células que se distribui em um fluido amarelado e rico em proteínas chamado de plasma. Sua função primordial é levar nutrientes e oxigênio a todos os tecidos do organismo e sua ausência é incompatível com a vida. O sangue é produzido dentro dos ossos, numa região chamada medula óssea, que, em condições normais, nunca para de trabalhar. Nos primeiros anos de vida, todos os ossos têm capacidade de produzir os elementos sanguíneos, mas, com o avançar da idade, essa função fica reservada para os ossos longos e achatados, como fêmur, úmero, costelas, esterno e quadril. Ao processo de produção sanguínea damos o nome de hematopoese.

Na medula óssea, existem células que funcionam como matrizes. São linhagens de células-tronco, por que não dizer, células-mãe, a partir das quais todas as séries de componentes do sangue são originadas. Os principais componentes sanguíneos são: o plasma e os elementos figurados, representados pelas hemácias (ou glóbulos vermelhos), células de defesa (ou glóbulos brancos) e pelas plaquetas. Abaixo, seguem particularidades sobre cada um deles.

Plasma: o plasma é composto basicamente de água, mas também contém nutrientes, hormônios, sais minerais e diversas proteínas, que conferem a ele uma coloração amarelada. Sua função é formar um meio fluido para transportar os elementos figurados, os nutrientes, sais, hormônios e água aos tecidos do organismo.

Hemácias (glóbulos vermelhos): essas estruturas, também conhecidas como eritrócitos, constituem de 40 a 50% do sangue e conferem a ele a coloração vermelha que enxergamos. Sua principal função é conduzir o oxigênio absorvido pelos pulmões para todas as células do corpo e, ao mesmo tempo, retirar o gás carbônico, produto tóxico do metabolismo. As hemácias vivem apenas 4 meses, mas a medula óssea saudável produz impressionantes 4 a 5 bilhões de glóbulos vermelhos por hora, para repor as perdas diárias.

Leucócitos: os glóbulos brancos representam as estruturas de defesa do organismo e são denominados, de forma genérica, de leucócitos. Eles são de cinco tipos, os neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos e estão envolvidos no combate diário de infecções bacterianas, virais e de quaisquer outras situações que agridem o organismo, como o câncer por exemplo.

Plaquetas: essas estruturas são também conhecidas como trombócitos. Na realidade, não são células propriamente ditas, mas sim fragmentos da célula matriz na medula óssea chamada megacariócito. Sua função básica é estancar sangramentos quando existe dano à parede de vasos sanguíneos. Normalmente, elas circulam pelo sangue na forma inativada, “monitorando” pontos de alteração. Quando ocorre lesão vascular, substâncias endoteliais ativam as plaquetas e os fatores de coagulação do plasma. Assim, inicia-se uma cascata de processos que culminam com a aderência multi plaquetária no local e com a formação de uma tela cicatrizante natural. O trombo plaquetário impede o extravasamento de sangue e ainda estimula o processo de reparo do vaso sanguíneo danificado. O corpo é mesmo uma máquina impressionante.

O que são linfócitos?

Os linfócitos são um dos tipos de glóbulos brancos (leucócitos) que compõem o sistema imunológico do corpo humano. Como os demais componentes, eles são produzidos na medula óssea e no timo, mas são armazenados principalmente nos linfonodos (gânglios) e no baço, onde terminam a fase de amadurecimento, antes de ganharem a circulação sistêmica.

Existem basicamente dois tipos de células linfocitárias: linfócitos B e linfócitos T. Os primeiros atuam a distância, isto é, não entram na luta corpo a corpo contra o invasor. São responsáveis por fabricar anticorpos, que, como balas de revólver personalizadas, são proteínas direcionadas especificamente contra determinadas proteínas presentes nos agentes agressores. Vírus, bactérias e células cancerígenas, por exemplo, ao serem reconhecidos como estranhos, são vítimas potenciais dos anticorpos, seja por destruição direta, por ativarem enzimas de destruição presentes no microambiente ou, ainda, por atraírem células que entram no embate físico. Uma vez ativados, determinados linfócitos B mantêm uma memória imunológica contra o antígeno, o que torna o processo destrutivo mais célere em um segundo contato. Isso explica, por exemplo, o funcionamento de vacinas.

As células T, por sua vez, participam elas mesmas do ataque ao inimigo, junto com os linfócitos Natural killers (NK), um terceiro tipo linfocitário do sistema imune inato, com marcante função citotóxica. Além disso, produzem substâncias que atraem as demais células de defesa para o local do combate. Entram em cena, então, neutrófilos, células dendríticas, macrófagos, monócitos, eosinófilos, basófilos, entre outros, cada qual com uma função destruidora específica.

Os linfócitos, na verdade, são o cérebro da resposta imunológica e modulam todos os seus aspectos, determinando quando ela inicia, sua intensidade e o momento de interromper o ataque. Quando em perfeito funcionamento, essa máquina é capaz de nos proteger dos mais diversos perigos

Quais os tipos de leucemia linfoide aguda? Quais os fatores de risco para leucemia linfoide aguda?

A leucemia linfoide aguda (LLA) é o tipo mais comum de câncer em crianças e representa quase 30% de todas as malignidades na infância. Nos adultos, entretanto, perde em frequência para a leucemia mieloide aguda (LMA) e a leucemia linfoide crônica (LLC), representando 15% dos casos dessas neoplasias. A doença é produto da transformação maligna de linfócitos. O clone neoplásico deriva, em 80% dos casos, de um progenitor linfocitário B, mas pode vir também de linhagens de células T, como ocorre nos demais 20%.

O processo inicia-se na medula óssea, onde a população de células malignas cresce exageradamente, ocupando o lugar de células saudáveis. A primeira consequência grave é a supressão da hematopoese normal. Isso gera os sintomas clássicos da doença, caracterizada por anemia, plaquetas baixas e células de defesa mal funcionantes. Vale lembrar que, apesar do excesso de leucócitos, eles são clones imaturos e, portanto, incapazes de executar suas funções. Chega então um momento em que não há mais espaço na medula óssea e as formas jovens dos linfócitos, chamadas de blastos, começam a ganhar a corrente sanguínea, sendo detectadas em níveis alarmantes. Esse fato dá nome à doença: leucemia, que, ao pé da letra, significa excesso de leucócitos no sangue.

A leucemia linfoide aguda, apesar de se manifestar em adultos, é uma doença característica de crianças, com pico de incidência entre 2 e 5 anos de idade. Ocorre mais frequentemente em meninos do que em meninas e é mais comum entre indivíduos brancos do que em negros. A cada ano, nos Estados Unidos da América, cerca de 4 mil novos casos são diagnosticados. Suas taxas de sobrevida têm melhorado dramaticamente desde a década de 1980 e, atualmente, a estimativa de sobreviventes em 5 anos supera os 85% dos casos.

Além do que foi mencionado acima, são poucos os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de leucemias linfoides agudas de células B e de células T e, muitos deles, ainda não são totalmente esclarecidos. A literatura faz algumas ponderações sobre os principais, quais sejam:

  • Deficiências genéticas: tanto a Síndrome de Down quanto a neurofibromatose tipo 1, Síndrome de Bloom, a Síndrome de Ataxia/Telangiectasia, a Síndrome de Klinefelter e a Anemia de Fanconi parecem estar relacionadas a um aumento significativo no risco de desenvolvimento de LLA;
  • Peso ao nascer: um estudo retrospectivo da Suécia demonstrou que o risco relativo torna-se maior à medida que aumenta o peso do recém-nascido. Entretanto, nessa mesma série, o risco foi ainda maior para aqueles que nasceram com menos de 1.500 g; – infecções: a infecção pelo vírus HTLV-1 está claramente associada a um raro tipo de leucemia linfocítica aguda de células T;
  • Gêmeos idênticos com leucemia: se comparados com a população geral, um irmão gêmeo idêntico de um indivíduo com LLA possui um risco aumentado de desenvolver a neoplasia, ao passo que gêmeos não idênticos não apresentam essa relação; – produtos químicos: a exposição a solventes químicos como o benzeno e a determinados agentes quimioterápicos aumenta as chances de uma pessoa.
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