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Entenda por que o colesterol alto pode ser um fator de risco para o câncer

Entenda por que o colesterol alto pode ser um fator de risco para o câncer

Apesar de ter funções positivas para o corpo, o excesso de colesterol pode ser uma espécie de “alimento” para as células cancerosas; Oncologista explica como isso acontece e por que pode ser um problema

O Dia Nacional de Combate ao Colesterol, comemorado em 8 de agosto, tem o objetivo de alertar quanto à conscientização e prevenção de doenças que podem ocorrer devido ao excesso desse tipo de gordura. Apesar de ter a função de auxiliar o organismo na composição das células e também na produção de hormônios importantes, os altos níveis de LDL colesterol (lipoproteínas de baixa densidade) aumentam o risco de infarto agudo, acidente vascular cerebral e inflamações.

Mas, afinal, o excesso de colesterol pode ter impacto nos casos de câncer? Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Medicina de Duke, nos Estados Unidos, os altos níveis de colesterol são capazes de fazer com que as células cancerosas fiquem mais resistentes.

De acordo com Bernardo Garicochea, oncologista da Oncoclínicas, isso pode ocorrer porque as células cancerosas passam a driblar os fatores de estresse no corpo, ou seja, as barreiras fazem com que essas células não consigam se reproduzir. “Em linhas gerais, quando células malignas tentam se multiplicar, o nosso sistema imunológico cria estratégias para impedir essa proliferação, o que na maioria das vezes funciona. Mas quando elas conseguem driblar esses obstáculos, levam ao surgimento de tumores e passam a ‘viajar’ para outras partes do corpo, criando aquilo que chamamos de metástases. Nesse sentido, o colesterol alto atua como uma espécie de alimento para as células cancerígenas, contribuindo para que elas se tornem mais capazes de driblar os mecanismos de defesa do nosso organismo”, explica.

Além disso, o colesterol elevado junto à obesidade também pode causar alterações celulares que contribuem para o aparecimento de vários tipos de câncer. “Devido à grande quantidade de gordura corporal, os hormônios estimulam a multiplicação das células e inibem a morte celular programada, também chamada de apoptose, resultando no processo de carcinogênese (formação de tumores). A ciência avança no entendimento sobre os impactos da combinação entre obesidade e altos níveis de colesterol, indicando que essa união de fatores de fato é um indicador de risco aumentado para o surgimento do câncer”, aponta o oncologista da Oncoclínicas.

 

Relação com o câncer de mama

Grande parte dos estudos indica que quanto maior for a taxa de colesterol, maiores são os riscos do desenvolvimento do câncer de mama. Além disso, outro ponto importante que os ensaios clínicos trazem é que os números baixos do colesterol HDL, “chamado de colesterol bom”, contribuem para um risco elevado da neoplasia.

Justamente pelo excesso de colesterol causar inflamação e ainda contribuir nos processos de oxidação, a questão do câncer pode ser levantada. “Ainda é estudado o fato de o HDL poder retirar o colesterol e seus óxidos de células como uma alternativa de reduzir a gordura das células tumorais e próximas as que estão afetadas, estabelecendo assim limites quanto ao desenvolvimento das lesões”, explica o Dr. Bernardo Garicochea.

Além disso, ele complementa que o câncer de mama pode estar ligado a outras questões. “Apesar do colesterol estar relacionado como uma questão metabólica, vale lembrar que outros fatores podem contribuir para o surgimento do câncer de mama. Alguns deles são: histórico familiar, menarca precoce, idade, sedentarismo, uso prolongado de hormônios, entre outros”, comenta o oncologista.

 

Mais pesquisas

Segundo um estudo publicado no Journal of The National Cancer Institute, de 2012, 4 mil mulheres foram acompanhadas pelos pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá. Foi observado que aquelas que tinham um nível elevado de LDL tinham um risco 25% maior de desenvolver câncer de mama.

Durante o estudo, essas mulheres foram acompanhadas por dez anos e 279 delas foram diagnosticadas com tumores de mama invasivos – com alta chance de metástase. Especialmente para os tumores de mama, foi notado também que o acúmulo de gordura corporal aumenta a produção do estrógeno (hormônio responsável pelas funções reprodutivas femininas), sendo assim uma espécie de alimento para as células cancerosas.

 

O que contribui para o aumento do colesterol?

Fatores genéticos: eles determinam níveis de LDL e HDL colesterol, sendo um dos pontos mais importantes que podem ajudar a definir os riscos de as pessoas terem colesterol elevado;

Sedentarismo: o exercício físico pode auxiliar nos níveis do colesterol bom, ou seja, o HDL, além de colaborar para a redução do sobrepeso;

Tabagismo: esse fator, além de reduzir os níveis do colesterol bom, também pode causar câncer de pulmão – o mais incidente do mundo. Fumar danifica ainda as paredes dos vasos sanguíneos;

Obesidade: quanto maior o índice de massa corporal, maior a possibilidade de altos níveis de colesterol LDL e baixos níveis de colesterol HDL;

Alimentação rica em gordura saturada: neste caso, é importante evitar o consumo de alimentos ultra processados, como a carne vermelha. Refeições ricas em peixes, oleaginosas, aveia, laranja, linhaça, entre outros, podem ajudar a reduzir o colesterol alto.

“Ter um estilo de vida saudável auxilia na melhora do colesterol e também previne a obesidade e a diabetes. Ambos os fatores de risco podem contribuir para o surgimento de tumores”, comenta.

 

De olho na saúde

Os exames de rotina são grandes aliados para medir o nível de colesterol. A melhor maneira de identificar que algo está errado é através dos exames de sangue, com jejum de 12 horas, sendo capaz de analisar os valores do LDL, HDL, triglicerídeos e outros tipos de gordura no sangue.

É recomendado ainda que a dosagem de colesterol seja medida em pacientes por volta dos 30 anos que tenham fatores de risco, como histórico familiar de doença coronariana, tabagismo e hipertensão. Já para os que não fazem parte deste grupo, o rastreamento deve ser feito a partir dos 40 anos.

“A hipercolesterolemia não apresenta sintomas específicos, ou seja, é uma doença bastante silenciosa. Por isso, como forma de diagnosticar o problema precocemente, os exames de rotina não devem ser esquecidos. Além disso, investir em exercícios físicos regulares, alimentação saudável, perder peso quando recomendado e não fumar são pontos importantes para manter o equilíbrio do corpo para uma vida mais saudável”, finaliza Bernardo Garicochea.

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